Cabeça de peixe para trabalhar

Temos de agradecer às mães e aos pais, e a outros tantos que nos educaram, por nos terem posto de castigo em criança quando não queríamos comer algum vegetal de cheiro dúbio servido à refeição. Nada como uma dose de brócolos quando se tem cinco anos.

São estas lições que levamos connosco quando em adultos entramos no mundo de trabalho e contentes com a meia hora de refeição nos  servem no refeitório uma bela cabeça de peixe frito. Uma iguaria preparada e frita seis horas antes. Delicioso!

Cabeça de Peixe Frito depois de estar seis horas à espera de cumprir sua função

A minha mãe ensinou-me a ser um bom garfo e como de bom grado a bochecha do peixe e ainda repito. Mas levanta-se uma questão. A cabeça só tem duas bochechas e eu apetecia-me quatro - bochechas, não cabeças.

Se já foi provado que a produtividade laboral aumenta com uma boa alimentação porque é que as nossas entidades patronais insistem em ignorar que nem todas as pessoas gostam de peixe cansado? Ou massa afogada em natas? Ou pêra que veio da luta? Estamos todos gratos Gaviscon!

Penso que eles gostariam que todos nós fossemos como o Boxer do Triunfo dos Porcos. Trabalhadores, ignorantes e acima de tudo leais.  E, fatalmente, somos.  Frango ainda vivo? Um petisco. Vaca avec les cabelos? O favorito da casa.

Quem me dera que quem trata da comida dos empregados tivesse a mesma atitude que as avós da Iglo.

 

Já alguma vez acabaram a vossa pausa de refeição e de imediato pensaram: «Porque é que ainda não me despedi?» - aparentemente o nível de açúcar no sangue está directamente relacionado com a vontade de fazer traquinices. Possivelmente o vosso trabalho não vos está a satisfazer, mas definitivamente mais provável não se alimentaram como deve ser.

Obrigada mãe por me obrigares a ficar três horas à mesa até eu acabar o peixe cozido, hoje como cabeças de peixe em meia hora e ainda me deleito com as espinhas todas.